NEURALGIA DO TRIGÊMEO

“A neuralgia do trigêmeo é considerada uma das piores dores experimentadas pelo ser humano”

A neuralgia do trigêmeo é uma causa importante de dores faciais e é considerada a pior dor crônica que um paciente pode sentir. Em alguns países é inclusive denominada “doença do suicídio”, tamanho o número de pessoas que atentam contra a própria vida devido ao intenso sofrimento.

Estima-se que a doença ocorra em aproximadamente 50 mil brasileiros a cada ano sendo que o problema é mais comum em idosos e em pacientes do sexo feminino.

Neuralgia do Trigêmeo:
Tudo que você precisa saber!

O nervo trigêmeo é responsável pela sensibilidade da face e recebe esse nome pois tem três ramos. O primeiro ramo, chamado de nervo oftálmico, inerva a parte superior do rosto acima dos olhos. O segundo ramo, conhecido como nervo maxilar, inerva a parte do meio do rosto, próximo ao nariz e bochecha. Já o terceiro ramo, denominado nervo mandibular, é responsável pela sensibilidade da parte inferior do rosto, próximo ao queixo e mandíbula. É importante ressaltar que o nervo trigêmeo não é responsável pelos movimentos faciais.

Podemos comparar os nervos do organismo a fios elétricos, muito mais complexos, é verdade. Como os fios, nervos possuem uma espécie de camada protetora que consiste de proteínas, chamada “bainha de mielina”. Na neuralgia do trigêmeo, há uma perda significativa dessa camada, muitas vezes causadas por um vaso sanguíneo que comprime o nervo ou pelo próprio sistema imunológico que pode degradar essa camada.

Os pacientes usualmente se queixam de dores em um só lado da face (embora em alguns casos possa ocorrer dos dois lados). Na grande maioria das vezes, as dores são referidas como choques, de fortíssima intensidade, em crises, com duração de segundos a alguns minutos. Em muitos casos, as dores são desencadeadas por estímulos normais como falar, mastigar ou escovar os dentes.

O diagnóstico é fundamentalmente clínico, o que significa que não há exames capazes de confirmar a doença. O médico deve, através da história clínica e exame físicos, definir o diagnóstico.

De fato, a neuralgia do trigêmeo é uma das doenças que mais trazem sofrimento ao ser humano. Felizmente, há bons tratamento disponíveis, mas infelizmente poucos pacientes são orientados de forma adequada. Por isso, caso você se identifique com um dos sintomas acima citados, busque ajuda médica. 

O tratamento inicialmente deve ser feito com uso de medicamento da classe dos anticonvulsivantes. Ocorre que os anticonvulsivantes têm a capacidade de estabilizar os neurônios que estão causando convulsões e, alguns deles, têm a propriedade de estabilizar neurônios causadores de dores, em especial as da neuralgia do trigêmeo. Tal tratamento medicamentoso tem cerca de 50 a 70% de sucesso. Para os pacientes que não melhoram, devemos utilizar o que chamamos de procedimentos intervencionistas.

Dentre os tratamentos intervencionistas, dois merecem destaque: a radiofrequência do trigêmeo e a compressão percutânea do trigêmeo por balão. Ambos os procedimentos são realizados sob sedação, sem cortes e sem a necessidade de internação, com chance de sucesso que supera os 90%. Uma agulha é precisamente colocada ao lado do nervo trigêmeo, a colocação dessa agulha é realizada com auxílio de um aparelho no centro cirúrgico chamado radioscopia (uma espécie de raio-x específico). 

Na radiofrequência um eletrodo é colocado por dentro da agulha, esse eletrodo é ligado a um gerador que emite uma corrente elétrica, inativando o nervo. Na compressão percutânea por balão, um cateter dotado de um balonete na ponta é inserido através de uma agulha. O balonete é insuflado por um tempo pré-determinado e essa insuflação causa uma falta de sangue temporária ao nervo. É justamente essa falta de sangue que causa a inativação do nervo. Ao final do procedimento, todos os materiais são retirados, nada permanece no paciente.