A DOR

Dor, segundo a Associação Internacional para o Estudo a Dor, é uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada a uma lesão tecidual atual, potencial, ou descrita em termos de tal lesão. A dor é, portanto, uma das principais de causas sofrimento físico experimentadas pelo ser humano. Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) dizia que “o sábio não é aquele que procura o prazer, é aquele que evita a dor”.

Se perguntarmos para alguém se essa pessoa gostaria de nunca sentir dor, é quase certo que receberíamos uma resposta positiva, afinal ninguém, ou quase ninguém, gosta de sentir dor. Porém, sabemos que a capacidade de sentir dor é algo fundamental para a sobrevivência de qualquer espécie animal. A presença da dor sinaliza que algo está errado. No caso dos animais, isso gera um comportamento protetor (ex. fugir de um predador). No caso dos seres humanos, além de gerar um comportamento protetor, nos leva a procurar ajuda (ex. ir ao médico).

Existe uma rara doença onde os pacientes não são capazes de sentir dor. É a chamada “Insensibilidade Congênita à Dor”, resultante de uma mutação genética. Esses pacientes estão sujeitos a traumas e lesões constantes, não raro quebram algum membro sem que isso incomode por exemplo. Abaixo pode-se ter uma idéia das repercussões da doença assistindo ao depoimento de um paciente americano com o problema.

As dores lombares são as dores crônicas mais comuns na atualidade. Fruto da mudança do estilo de vida, com aumento da obesidade e do sedentarismo, houve um acréscimo na incidência de dores lombares crônicas de 4% para 10% nas últimas décadas.

Um estudo patrocinado pela Fundação Bill e Melinda Gates avaliou o impacto de diversas doenças nas populações de 188 países.

Os pesquisadores concluíram que a dor lombar crônica é o problema de saúde que mais causa incapacidade no ser humano.

As dores de cabeça dores cervicais também são bastante frequentes e a postura inadequada adotada nos últimos anos com o uso de smathphones fatalmente causará um aumento nos casos de cefaléias e cervicalgias.

Mais de 70% dos pacientes com câncer referem dores crônicas. Destes, praticamente metade relatam dores de forte intensidade. Ainda vivemos um momento onde as dores dos pacientes com câncer são subtratadas sendo que apenas 3% deles são encaminhados para especialistas em dor. Veja mais sobre dores do câncer aqui.

Temos ainda as dores que são muitas vezes lancinantes e incapacitantes como a Neuralgia do Trigêmeo e a Cefaléia em Salvas.

 

É importante diferenciar as dores agudas das crônicas. As dores agudas são consideradas fisiológicas, como um sinal de alerta, da maior importância para a sobrevivência. Tem duração limitada e passa assim que a causa for resolvida (ex.uma dor resultante de um corte passa após a cicatrização”.

Já as dores crônicas não têm a finalidade biológica de alerta e sobrevivência e podemos dizer que se constituem como verdadeiramente uma doença. Com relação ao aspecto temporal, as definições variam quanto sua conceituação, da duração de mais de três ou seis meses, ou as que persistem após a cura da lesão inicial.

Muitas pessoas sofrem com dores crônicas?

Estudos mostram que aproximadamente 100 milhões de americanos sofrem com dores crônicas, o que representam de 20 a 30% da população. É um número alarmante e que gera, alem de sofrimento individual, inúmeros gastos diretos (ex. gastos com tratamentos) e indiretos (ex. perda de produtividade) para sociedade com um todo.

Por exemplo, os EUA gastam mais de 600 bilhões de dólares por ano com pacientes com dores crôncias, muito mais do que com diabetes ou doenças cardiovasculares.

Antes de mais nada devemos ressaltar que toda e qualquer dor é percebida pelo cérebro. A informação da dor percorre vários caminhos até chegar nas estruturas cerebrais que a percebem. 

Primeira fase: “Tradução”

Os receptores de dor presentes na pele, articulações e músculos por exemplo, são ativados por diferentes estímulos entre eles mecânicos (ex. cortes, batidas, perfurações), térmicos (substâncias quentes, fogo) e químicos (subsâncias ácidas, etc). O papel dos receptores de dor é justamente transformar esses estímulos em estímulos elétricos, pois somente os estímulos elétricos podem ser transportados pelos neurônios. A essa transformação se dá o nome de “tradução”.

Segunda fase: “Condução”

Na segunda fase os neurônios levam a informação da dor até a medula espinhal. Lá as informações serão repassadas a outros neurônios.

Terceira fase: “Transmissão”

Na terceira fase os novos neurônios levam a informação da medula até as áreas do cérebro responsáveis pela interpretação da dor.

Quarta fase: “Percepção”

Na quarta fase o cérebro percebe a dor propriamente dita. É aqui que sentiremos a dor em suas diversas características como intensidade (fraca, moderada ou intensa), se a dor é em queimação ou tipo uma pontada, etc e a própria duração.

Quinta fase: “Modulação”

Depois que o cérebro intertpreta a dor, ocorre o que chamamos de modulação da dor. Impulsos nervosos são mandados de volta ao local da dor no sentido de diminuir a sua intensidade. É como se o cérebro dissesse: “Já registrei que algo está errado, agora podemos diminuir o sofrimento”. Infelizmente nem sempre o sistema funciona de forma tão perfeita.