Dor do câncer

"É  vergonhoso o subtratamento da dor no paciente com câncer, que é fruto, em parte, do desconhecimento dos tratamentos mais efetivos por parte da equipe médica em especial."

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), houve mais de 728 mil casos novos de câncer no Brasil no ano de 2014.

Os dados mostram que, excluindo os tumores de pele, o câncer de próstata é o mais comum entre os homens e o câncer de mama o mais comum entre as mulheres.

A ocorrência de dores crônicas em pacientes com câncer é extremamente alta. Mais de 65% dos pacientes com câncer relatam dores crônicas durante a doença, desses, 44% relatam dores de forte intensidade.

Alguns tipos de câncer causam mais dores do que outros. Quase 95% dos pacientes com câncer de pâncreas referem dores abdominais. Tumores osteomusculares e do sistema nervoso central também são capazes de provocar dores crônicas com muita frequência, o mesmo ocorrendo com tumores que produzem metástases ósseas.

O que se sabe sobre a dor no câncer?

As dores em pacientes com câncer são frequentemente causadas por: 

  • Invasão do tumor nos tecidos
  • Procedimentos cirúrgicos
  • Quimioterapia
  • Radioterapia metástases ósseas

Vários estudos mostram que de 30 a 50% dos pacientes com câncer têm suas dores “subtratadas”. Vários motivos levam a isso, entre eles:

  • a idéia de que as dores são algo esperado no paciente com câncer
  • foco natural no tratamento do câncer (quimioterapia ou radioterapia). Insegurança de alguns clínicos em prescrever analgésicos mais fortes
  • erro diagnóstico (nem toda dor em pacientes com câncer advém do câncer). Baixa taxa de encaminhamento para o especialista em dor

Apenas 3% dos pacientes com dores relacionadas ao câncer são atendidos por especialistas em dor. Frequentemente, os pacientes oncológicos que possuem dores são tratados por Oncologistas, Clínicos e Cirurgiões Gerais. É imprescindível que o paciente Oncológico tenha suas dores tratadas de forma efetiva.

A Medicina Intervencionista da Dor é uma área de atuação médica que visa realizar diagnósticos e tratamentos, em pacientes com dores crônicas, através de procedimentos minimamente invasivos. Ela pode auxiliar significativamente o controle das dores de pacientes com câncer.

Nos casos em que as dores sejam de difícil controle com medicamentos ou naqueles casos onde os efeitos colaterais dos medicamentos sejam muito importantes, podemos usar técnicas para abolir a inervação do órgão afetado (através da aplicação de uma corrente de radiofrequência no nervo, por exemplo, ou através da infusão de fármacos diretamente na coluna, através do que chamamos de “Bomba de infusão de fármacos”.

Como dito anteriormente, 93% dos pacientes com câncer de pâncreas (como por exemplo, o câncer do Steve Jobs) tem dores abdominais, muitos deles de difícil controle.

A radiofrequência dos nervos esplâncnicos é uma excelente técnica para controlar a dor nesses pacientes.

O procedimento consiste em colocar duas agulhas específicas ao lado de cada nervo esplâncnico (nervos responsáveis pela inervação sensitiva de alguns órgão abdominais). Um eletrodo é colocado por dentro da agulha e ligado a um gerador que emite uma corrente de radiofrequência. A radiofrequência inativa o nervo, o que causa o alívio da dor do paciente. O procedimento é guiado por uma máquina especial de raio-x e é feito sob sedação, sem cortes. O paciente tem alta no mesmo dia.

Um estudo avaliou a eficácia da radiofrequência no tratamento das dores originadas pelo câncer de pâncreas. As dores que, tinha nota 9 (de uma escala de 0 a 10, onde 10 é a maior dor possível) e caíram para 0,25 depois do procedimento.

 

Outro estudo muito interessante percebeu que, pacientes que foram submetidos à denervação do pâncreas não só viveram melhor, com menos dor e mais qualidade de vida, como viveram por MAIS TEMPO. Isso provavelmente se dá porque inibindo a dor, podemos prevenir uma série de complicações clínicas decorrentes da própria dor.

A bomba de infusão de fármacos intratecais é um recurso extremamente moderno e sofisticado para o controle de dores antes intratáveis. O método consiste em colocar um cateter no espaço intratecal (o mesmo espaço da coluna onde se faz a anestesia de gestantes). Esse cateter é ligado a uma bomba computadorizada que fica sob a pele do paciente (como um marcapasso). A bomba automaticamente infunde medicamentos ao redor da medula do paciente, levando a um grande alívio da dor.

Um estudo comparou o uso dessa bomba com a analgesia convencional (via oral) em 202 pacientes com câncer terminal. O grupo que utilizou a bomba de fármacos não só apresentou menores níveis de dor como tiverem maior tempo de vida.

Veja quais são os tipos de dor no câncer mais comuns:

  • Dor no Câncer de mama
  • Dor no Câncer de pâncreas
  • Dor no Câncer de pulmão
  • Dor no Câncer de estômago
  • Dor no Câncer metastático