SINAIS DE ALERTA

CEFALEIA DE ORIGEM MUSCULAR

Nosso corpo possuiu cerca de 650 músculos e acredite, todos podem ser fonte de dores em algum momento da nossa vida.

O termo científico que usamos para dores musculares crônicas é “dor miofascial”. O termo vem da junção do radical “mio” que significa músculo e da palavra fáscia que é uma camada que recobre os músculos. 

A síndrome miofascial é uma causa muito comum de dores crônicas. A característica principal é a presença de pontos gatilhos (trigger points) que, quando pressionados, produzem dores em locais diferentes do ponto pressionado, o que chamamos de dor referida. Isso quer dizer que uma contratura em um músculo do pescoço pode provocar uma dor na cabeça, por exemplo. Cada músculo tem o potencial de causar dor em uma ou mais partes do corpo. 

A dor miofascial tipicamente ocorre após contraturas musculares localizadas. A contratura acaba aumentando a pressão no local de forma prolongada, prejudicando inclusive a irrigação sanguínea da região. Essa diminuição da irrigação sanguínea pode causar um acúmulo de substâncias inflamatórias, perpetuando o quadro.

Os músculos mais envolvidos são: trapézio, esternocleidomastoideo, temporal, esplênio da cabeça, esplênio do pescoço, músculos suboccipitais, semiespinhoso da cabeça, frontal, zigomático e orbicular. Cada músculo pode provocar um padrão diferente de dor (vide figuras abaixo).

Figura 1: Dores de cabeça causadas por contraturas no músculo trapézio.

Figura 2: Dores de cabeça causadas por contraturas no músculo esternocleidomastoideo.

Figura 3: Dores de cabeça causadas por contraturas no músculo temporal.

Figura 4: Dores de cabeça causadas por contraturas no músculo esplênio da cabeça.

Figura 5: Dores de cabeça causadas por contraturas no músculo frontal.

O diagnóstico da dor miofascial é realizado através da história clínica e do exame físico. A palpação dos pontos dolorosos é extremamente importante. Não há, até o momento, exames de imagem confiáveis que diagnostique a síndrome.

Os principais fatores de risco são:

  • Lesões musculares
  • Estresse
  • Ansiedade
  • Problemas articulares (ex. artrose).

O tratamento da síndrome miofascial é realizado através do emprego de medicamentos relaxantes musculares e de uma fisioterapia especializada, onde muitas vezes os pontos gatilhos serão desfeitos manualmente.

O tratamento psicológico está indicado para os pacientes cuja ansiedade ou estresse estejam causando a perpetuação das contraturas musculares. 

Em casos em que essas medidas não surtam efeito, pode ser realizado o tratamento intervencionista onde algumas técnicas se destacam:

1 – Infiltração dos pontos gatilhos.

Nessa técnica identificamos os pontos dolorosos e infiltramos uma pequena quantidade de anestésico local no seu interior. Isso tende a promover um relaxamento do músculo aliviando as dores.

2 – Terapia por ondas de choque

Esse tratamento envolve a aplicação de ondas de choque no músculo afetado. Usualmente são realizadas 3 a 4 sessões com duração de 20 minutos cada.

3 – Infiltração de toxina botulínica

Sim, a mesma toxina botulínica usada em estética pode ser utilizada para alguns casos de dores crônicas. A toxina botulínica tem a propriedade de relaxar a musculatura por tempos prolongados e sua injeção intramuscular pode ser realizada nos casos mais difíceis de tratar.

4 – Bloqueio de nervos

Cada músculo é inervado por um nervo. Em muitos casos é possível identificar esse nervo com auxílio de ultrassom e fazer uma infiltração precisa ao redor do mesmo, promovendo um relaxamento global daquele músculo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1,2
1. Castien, R. F., van der Wouden, J. C. & De Hertogh, W. Pressure pain thresholds over the cranio-cervical region in headache: a systematic review and meta-analysis. Journal of Headache and Pain 19, (2018).
2. Park, S. K. et al. Analysis of mechanical properties of cervical muscles in patients with cervicogenic headache. Journal of Physical Therapy Science 29, 332–335 (2017).